A União Protetora dos Artistas, construída em 1820, não é apenas um marco histórico de Ilhéus, mas também um símbolo cultural que remonta aos tempos em que servia como ponto de encontro para os estivadores e trapicheiros do antigo porto da cidade. Ali, além de bailes e festejos, se realizou o primeiro endereço da famosa "Boate OK", um local de grande relevância na época. Também é importante lembrar que a antiga feira de Ilhéus estava situada em frente a esse emblemático prédio.
Entretanto, hoje, o que vemos é um prédio completamente abandonado e em total estado de degradação. Este patrimônio histórico, que deveria ser valorizado e preservado, está agora vulnerável, vítima de mais de 8 anos de descaso. A situação é ainda mais preocupante, pois o local se transformou em um abrigo improvisado para moradores de rua, que ali convivem com uma série de riscos: criando animais, enfrentando condições desumanas e, acima de tudo, expondo suas vidas a um perigo iminente.
É importante lembrar que, na última vez em que o prédio desabou, não havia moradores de rua em seu interior. Agora, no entanto, quem estará no centro dessa tragédia quando o prédio, que já apresenta sinais de ruína, desabar novamente? O que será de todas essas vidas em risco? O cenário atual nos leva a questionar: quem será responsabilizado por essas vidas quando o prédio ruir outra vez?
O Fedor do Abandono e da Negligência
Além do risco iminente de destruição, o abandono da União Protetora dos Artistas traz consigo uma série de problemas grotescos: o fedor insuportável de fezes e urina que toma conta do ambiente, uma consequência direta da falta de cuidado e atenção ao espaço. Esse cenário reflete a total negligência das administrações passadas, que não tiveram o mínimo interesse em restaurar e preservar esse local de tamanha importância para nossa cidade.
O prédio, que deveria ter sido tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), serve como mais uma prova do desprezo pelas riquezas culturais de Ilhéus. Não é apenas a União Protetora dos Artistas que sofre com o abandono; o Palácio do Paranaguá, a Biblioteca General Osório e o Prédio da Marinha Mercante também são exemplos de como o patrimônio histórico da cidade foi tratado com total desdém por gestões anteriores.
Patrimônio em Perigo – Uma Memória Destruída
A União Protetora dos Artistas não é apenas um edifício histórico; ela representa a memória e a identidade de Ilhéus. Porém, o que vemos hoje é a destruição dessa memória, uma perda irreparável causada por anos de abandono e falta de interesse. Cada dia que passa, mais e mais elementos culturais e históricos vão se perdendo, e a cidade parece alheia ao seu próprio passado.
Se o prédio desabar novamente, será uma tragédia inevitável, e, mais uma vez, a responsabilidade não pode ser atribuída à atual administração, mas sim às gestões passadas, que ignoraram a importância da preservação desse patrimônio. A cidade de Ilhéus merece mais do que ser condenada ao esquecimento. A União Protetora dos Artistas, assim como outros patrimônios históricos, merece ser restaurada e valorizada. O legado de nossa cidade deve ser protegido, não apenas para os ilheenses de hoje, mas para as futuras gerações.
Como uma cidade que não preserva seu patrimônio artístico cultural, pretende ter vocação turística?
Redator : Manoelito Puentes