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Mostrando postagens de janeiro, 2025

EDITORIAL: ABANDONO DO COMÉRCIO DE ILHÉUS



O descaso com o comércio de Ilhéus chegou a níveis alarmantes. Diuturnamente, lojistas e pedestres enfrentam uma cidade tomada pela sujeira. Locais emblemáticos como a Praça J.J. Seabra, a Catedral de São Sebastião e o Largo do Teatro se transformaram em verdadeiros depósitos de imundície, sem qualquer cuidado ou fiscalização efetiva.

A situação é ainda mais crítica nas portas de lojas espalhadas pelo centro da cidade, onde fezes, urina, restos de maconha, pedaços de crack, fósforos usados e outros dejetos se acumulam diariamente. Um exemplo emblemático é o que acontece recorrentemente na porta da loja Ortomais, localizada na Rua Coronel Câmara, nº 9, em frente ao histórico Barrakitika.

Barrakitika: De Patrimônio a Abandono

O Barrakitika, um ponto histórico da cidade, outrora conhecido como a antiga "Rua dos Portões", marcava a entrada de Ilhéus e já recebeu inúmeras celebridades e figuras históricas. Hoje, o que deveria ser um símbolo de orgulho para a cidade tornou-se mais um reflexo do abandono do poder público.

Os moradores de rua, sem uma política pública eficaz de assistência, se concentram nesses locais em condições sub-humanas, expondo a falta de planejamento e ação governamental. Ao mesmo tempo, os comerciantes, que sustentam a economia local pagando impostos, alvarás de localização e funcionamento, e gerando empregos, veem-se obrigados a contratar serviços adicionais apenas para limpar fezes e outros dejetos diariamente, algo que deveria ser responsabilidade do poder público.

Polícia Militar e Secretaria de Assistência Social

Diante do caos, a comerciante da loja Ortomais buscou auxílio junto ao Comandante Malherbe, responsável pelo posto policial da Avenida Dois de Julho. Porém, foi informada de que a questão não era de competência da Polícia Militar, mas sim do Ministério Público ou da Secretaria de Assistência Social. Essa resposta, embora tecnicamente correta, apenas reforça a sensação de abandono e a falta de articulação entre os órgãos públicos para enfrentar o problema.

Enquanto o jogo de responsabilidades segue sem solução, o comércio de Ilhéus grita por socorro. A desordem e a falta de cuidado com os espaços públicos afetam diretamente a imagem da cidade e o cotidiano dos comerciantes, que já enfrentam desafios econômicos sem precedentes.

O Futuro Será Melhor

Ilhéus, com sua história rica e seu potencial turístico, não merece estar presa a um ciclo de descaso e abandono. O futuro precisa ser diferente. É preciso acreditar em uma renovação que valorize tanto os comerciantes quanto os cidadãos, com políticas públicas que resgatem o brilho de nossa cidade. Que venha um governo capaz de transformar essa realidade, trazendo dignidade para os moradores, apoio para os comerciantes e respeito à nossa história.

Ilhéus merece mais!

Editorial: O Abandono da União Protetora dos Artistas – Uma Tragédia Anunciada

A União Protetora dos Artistas, construída em 1820, não é apenas um marco histórico de Ilhéus, mas também um símbolo cultural que remonta aos tempos em que servia como ponto de encontro para os estivadores e trapicheiros do antigo porto da cidade. Ali, além de bailes e festejos, se realizou o primeiro endereço da famosa "Boate OK", um local de grande relevância na época. Também é importante lembrar que a antiga feira de Ilhéus estava situada em frente a esse emblemático prédio.

Entretanto, hoje, o que vemos é um prédio completamente abandonado e em total estado de degradação. Este patrimônio histórico, que deveria ser valorizado e preservado, está agora vulnerável, vítima de mais de 8 anos de descaso. A situação é ainda mais preocupante, pois o local se transformou em um abrigo improvisado para moradores de rua, que ali convivem com uma série de riscos: criando animais, enfrentando condições desumanas e, acima de tudo, expondo suas vidas a um perigo iminente.

É importante lembrar que, na última vez em que o prédio desabou, não havia moradores de rua em seu interior. Agora, no entanto, quem estará no centro dessa tragédia quando o prédio, que já apresenta sinais de ruína, desabar novamente? O que será de todas essas vidas em risco? O cenário atual nos leva a questionar: quem será responsabilizado por essas vidas quando o prédio ruir outra vez?

O Fedor do Abandono e da Negligência

Além do risco iminente de destruição, o abandono da União Protetora dos Artistas traz consigo uma série de problemas grotescos: o fedor insuportável de fezes e urina que toma conta do ambiente, uma consequência direta da falta de cuidado e atenção ao espaço. Esse cenário reflete a total negligência das administrações passadas, que não tiveram o mínimo interesse em restaurar e preservar esse local de tamanha importância para nossa cidade.

O prédio, que deveria ter sido tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), serve como mais uma prova do desprezo pelas riquezas culturais de Ilhéus. Não é apenas a União Protetora dos Artistas que sofre com o abandono; o Palácio do Paranaguá, a Biblioteca General Osório e o Prédio da Marinha Mercante também são exemplos de como o patrimônio histórico da cidade foi tratado com total desdém por gestões anteriores.

Patrimônio em Perigo – Uma Memória Destruída

A União Protetora dos Artistas não é apenas um edifício histórico; ela representa a memória e a identidade de Ilhéus. Porém, o que vemos hoje é a destruição dessa memória, uma perda irreparável causada por anos de abandono e falta de interesse. Cada dia que passa, mais e mais elementos culturais e históricos vão se perdendo, e a cidade parece alheia ao seu próprio passado.

Se o prédio desabar novamente, será uma tragédia inevitável, e, mais uma vez, a responsabilidade não pode ser atribuída à atual administração, mas sim às gestões passadas, que ignoraram a importância da preservação desse patrimônio. A cidade de Ilhéus merece mais do que ser condenada ao esquecimento. A União Protetora dos Artistas, assim como outros patrimônios históricos, merece ser restaurada e valorizada. O legado de nossa cidade deve ser protegido, não apenas para os ilheenses de hoje, mas para as futuras gerações.

Como uma cidade que não preserva seu patrimônio artístico cultural, pretende ter vocação turística?

Redator : Manoelito Puentes 

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