Recentemente, um representante da comunicação de uma autarquia específica lançou críticas veladas a alguns veículos de imprensa, cobrando o que chama de “imparcialidade”. Mas será que quem não cumpre o que promete tem moral para questionar o papel da mídia?
Assim como qualquer outro negócio, veículos de comunicação têm despesas. Padarias vendem pão, farmácias vendem remédios, e meios de comunicação sobrevivem por meio da publicidade que vendem. É necessário ter clareza de que, por mais que se busque imparcialidade, todo ser humano é inclinado a uma direção – único neutro é sabão.
No campo político, assim como um eleito distribui cargos comissionados com base em afinidades e acordos, é comum que veículos de comunicação ajustem suas pautas em função de suas relações políticas. E não há problema algum nisso, desde que seja pautado na verdade. O que não se pode tolerar é a disseminação de fake news.
Por outro lado, o que realmente fere a credibilidade é a falta de compromisso com promessas feitas. Contratos firmados sem responsabilidade e a ausência de critérios para a escolha de parceiros que devem publicizar as ações do governo são sinais claros de uma gestão desorganizada. Adicionalmente, não ter parâmetros claros para determinar os valores destinados a cada veículo de comunicação é uma prática que gera desconfiança e prejudica a transparência.
A Constituição Federal é clara quanto à publicidade dos atos administrativos: “A administração pública deve divulgar amplamente os seus atos, principalmente quando afetarem individualmente os administrados. A publicidade deve ter caráter informativo, educativo ou de orientação social, e não pode promover pessoalmente autoridades ou servidores públicos.”
E por falar em promoção pessoal, é curioso observar como algumas pessoas utilizam cargos de confiança para autopromoção, desviando o foco das reais necessidades da população. Mas isso, sem dúvida, merece ser tema de uma análise mais aprofundada em uma próxima matéria.
No fim, fica a reflexão: quem está em posição de cobrar imparcialidade deveria, primeiro, ser exemplo de compromisso, organização e respeito ao interesse público.
Redator : David Reis